Instagram Desativado
- Alice Castro
- 23 de fev. de 2022
- 4 min de leitura

Certo dia decidi que estava cansada do Instagram. Não é que faltassem estímulos ou perfis interessantes para acompanhar, muito pelo contrário. Existiam opções até demais, e essa era uma parte do problema. Eu perdia muito tempo rolando pelo feed, via postagens de todos os tipos de perfis e diferentes formatos, ocupava cada segundo de tédio na minha rotina com um novo passeio pelo app. Cachorros fofinhos, o Brasil continua indo pro buraco, aprenda a fazer um pudim, cinco dicas pra melhorar seu engajamento, vídeos acelerados de yoga, como vai ser o mês do seu signo, truques para desenhar mãos, se você seguir esse passo vai ganhar dinheiro em uma semana, o pacote completo.
No final do dia, eu dedicava horas para aquela rede social, e o que estava recebendo em troca? Tudo bem, eu admito que ria de alguns memes e admirava ilustrações e fotos bonitas. Apesar disso, quando eu saía daquela bolha, não me sentia mais feliz, mais conectada com os meus amigos ou mais relaxada. Pelo contrário.
Não me entendam mal, eu não estou querendo dar uma de moralista contra as redes sociais, ou tentando apontar o dedo para as pessoas que passam horas no Instagram porque elas “deveriam ser mais produtivas”. Sou uma das maiores defensoras de que nem tudo que fazemos na nossa rotina tem que ter um objetivo, ensinar alguma coisa, te ajudar a cumprir uma meta. Precisamos perder tempo, ficar entediados, fazer coisas muitas vezes consideradas inúteis que nos façam bem. As redes sociais podem ser aliadas nesse sentido e acredito que muitos conseguem aproveitar seus benefícios de forma saudável. Mas esse definitivamente não era o meu caso.
Nos raros momentos em que eu deixava o aplicativo de lado, percebia o quanto ele estava me afetando negativamente. Quando eu parei para comparar as vantagens e desvantagens de usar o Instagram, os contras estavam vencendo os prós com uma boa distância na pontuação. Estava mais ansiosa, conferindo o meu feed a cada cinco minutos, comparando a minha vida com a de outras pessoas e me sentindo inferior. Então o que diabos eu ainda estava fazendo ali?
Percebi que era hora de me afastar. Mas não foi nada fácil dar esse passo que parecia tão definitivo, mesmo sabendo que aquilo me fazia mal. Eu tinha medo de ficar de fora, de não saber o que as pessoas estavam fazendo ou sobre o que estavam falando. A famosa FOMO (Fear of Missing Out). Também estava tão dependente de entrar várias vezes no app para me distrair quando me sentia ansiosa que tinha medo de, de repente, ficar sem aquela “tábua de salvação”.
Depois de uma batalha interna que durou algumas semanas, finalmente decidi assumir o risco, desativar minha conta e deletar o Instagram do celular. Antes mesmo de começar, pensei que eu não seria tão resistente para superar o vício e ia acabar voltando com o rabinho entre as pernas mais cedo ou mais tarde. Mas estava enganada.
Não só estou fora do Instagram há meses, como não senti tanta falta dele quanto imaginei que sentiria. Eu esperava uma crise de abstinência, principalmente nos primeiros dias. Em vez disso, senti alívio e uma sensação de libertação por ter recuperado uma parte importante do controle sobre a minha atenção.
Acabei descobrindo que grande parte dos meus medos de perder amigos e ficar de fora das conversas se provaram infundados. As pessoas que realmente importam nunca estão longe e vão continuar fazendo parte da sua vida, mesmo que elas não possam te marcar nos stories. Meus amigos mais próximos ainda conversam comigo diariamente e não pararam de me mandar memes pelo Whatsapp.
Eu me sinto mais calma, mais confiante e mais concentrada. Estou usando o meu tempo livre para me dedicar para coisas que realmente me fazem bem, como ler, escrever, brincar com os meus cachorros e ter conversas de verdade com as pessoas que eu amo. Também estou muito mais motivada a investir nos meus projetos pessoais, como a Bibliosfera.
É claro, eu perdi um pouco o contato com alguns colegas e não tenho ideia do que estão fazendo ou com quem estão saindo, mas eu cheguei à conclusão de eu só tinha uma ilusão de participar mais das suas vidas quando espiava seus posts e stories. Eu não estava de fato incluída naqueles momentos, era como observar vizinhos pela janela. Esse hábito não te aproxima deles, só te dá uma sensação de que você os conhece melhor.
Além disso, se eu sentir muita falta de alguém, basta mandar uma mensagem. Chocante, mas as pessoas também existem fora do Instagram. E, na minha opinião, elas são muito mais interessantes sem filtros.
É claro que essa foi a minha experiência e eu não vim aqui recomendar que você desative o seu perfil e siga meu “exemplo” se você acha que o Instagram te oferece mais prós do que contras. Mas acho que tirar um tempo para refletir sobre isso é importante. Se, como eu, você chegar à conclusão de que essa rede social está afetando a sua saúde, não tenha medo de se afastar. Acredite, você é capaz de fazer isso e talvez acabe descobrindo que as coisas podem ser bem mais simples com um peso a menos nas suas costas.
É isso, leitor(a). Obrigada por ler até aqui e sinta-se à vontade para deixar um comentário sobre a sua experiência com o Instagram, esse é um assunto que precisa ser debatido e eu vou gostar muito de ler opiniões diferentes sobre a rede social. Até a próxima!
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