Exercício de escrita #1: experimentando novos pontos de vista

Uma das decisões mais importantes que um escritor tem que tomar quando começa uma história é determinar de que ponto de vista ela será narrada. Como a maioria dos livros que lemos são escritos em primeira pessoa (eu), terceira pessoa (ele/ela) ou na voz de um narrador onisciente (aquele que tudo sabe, tudo sente e tudo vê), muitas vezes nos limitamos a essas alternativas quando vamos escrever. Por isso, hoje quero propor um exercício que nos tire um pouco dessa zona de conforto. Vamos tentar escrever um texto em segunda pessoa (tu/você). Segue um breve exemplo:

Você desliga o chuveiro e, tarde demais, descobre que esqueceu de pegar a toalha. Solta um palavrão. A casa está vazia, ninguém pode te socorrer nesse momento de necessidade. O dia está frio e o caminho até o quarto é longo e cheio de janelas. Se sacudindo como um cachorro para se livrar do excesso de água, você sai do box deixando poças em seu rastro que sabe que vai ter que limpar depois. Sua pele está arrepiada, o chão parece uma pedra de gelo e você escorrega nos azulejos, torcendo para que nenhum vizinho decida espiar para dentro hoje.

Esse ponto de vista é interessante porque é muito íntimo e gera uma aproximação imediata com o leitor. Quando lemos o “você”, automaticamente nos colocamos no corpo do personagem e nos imaginamos passando pela mesma situação vivida por ele. Escolhendo a segunda pessoa, o escritor consegue incluir na história, simultaneamente, sua própria voz, a do leitor e a do personagem. Doido, né?

Eu vou fazer um texto usando a segunda pessoa pra sexta-feira. Quem quiser experimentar também será muito bem-vindo. Se acabar gostando do que você escreveu e decidir postar no seu blog, compartilha o texto comigo. Vou ficar muito feliz de ler. Até sexta!